Da memória à ficção: a cidade como ferramenta narrativa
Entre as praias e os portos há tanta diferença quanto entre o filme Tubarão e o romance Moby Dick. Texto da exposição Navios, série de fotografias de Cássio Vasconcellos
Na segunda série de encontros da Rede de formação de Leitores na Baixada Santista, promovida pela livraria e editora Realejo, o jornalista e mestre em História Social Alessandro Atanes estará à frente da oficina de criação literária “Da memória à ficção - A cidade como ferramenta narrativa”, que acontece de 14 de janeiro a 4 de fevereiro, sempre aos sábados, às 19 horas. As inscrições podem ser feitas na própria Realejo, na Avenida Marechal Deodoro, 2, no Gonzaga, ou pelo endereço eletrônico marechal@realejolivros.com.br.
O objetivo é fazer com que cada participante elabore ao longo dos quatro encontros pelo menos um texto poético ou ficcional tendo a memória pessoal como base, um conteúdo que já conhecido, com começo, meio e fim já estabelecidos. Assim, os participantes poderão voltar sua atenção e esforços para o tratamento textual e opções narrativas.
Isso acontecerá da seguinte forma: a trama da memória evocada terá de ser adaptada a outro local, de caráter público e típico da cidade, por meio do aproveitamento das sugestões narrativas que cada local oferece. Assim, para fim dos exercícios, foram escolhidos como “locais narrativos” o Porto, os prédios tortos, os canais e o estádio da Vila Belmiro.
Ao explorar as sugestões narrativas oferecidas pelos locais indicados, busca-se compor um texto que seja algo mais do que a expressão dos sentimentos relacionados àquela memória e que se desenvolva em uma trama que avance por escolhas e decisões, inclusive a adoção de acidentes e acasos que o próprio deslocamento irá proporcionar. É nessa diferença e nos obstáculos entre o lembrado e o inventado que os participantes receberão orientação para melhor desenvolver a narrativa (épica, suspense, história de amor) e a expressão literária.
A sugestão é levar a memória para passear pelos “bosques da ficção”, na expressão de Umberto Eco.