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Macuco e La Boca: representações artísticas de dois bairros portuários


Interior de livro-objeto de Raphael Morone

Conferência promove aproximações entre quadros, gravuras, quadrinhos, fotografias e obras literárias

Realizar uma viagem entre os portos de Santos e Buenos Aires por meio das artes é o tema da conferência Macuco e La Boca: representações artísticas de dois bairros portuários. Por meio de pinturas, gravuras, fotografias, livro-objeto, quadrinhos e textos de literatura, a conferência promove um diálogo entre obras de arte que retratam os portos das duas cidades. Vai ser na quarta-feira, dia 31, a partir das 16 horas na Biblioteca de Artes Cândido Portinari do Centro de Atividades Integradas – CAIS, Avenida Rangel Pestana, 150, Vila Mathias.

No mesmo local, agora no início do segundo semestre participo como professor convidado do módulo de não-ficção do Curso Livre de Formação de Escritores, uma ação pública contínua e que se prolonga ainda até o fim do ano. Nesses mesmos dias ainda a biblioteca abriga a estreia do projeto Rolêres - Rodas de Leitura e do lançamento do livro Ar Livre (1999-2015), de Mauricio Salles Vasconcelos, um dos professores do módulo de ficção do mesmo curso.

En plena actividad, Quinquela Martín

A conversa sobre Macuco e La Boca será conduzida em torno de dois eixos: o tema do horror; e a melancolia e desolação das áreas portuárias. Na primeira parte, que dá nome ao encontro, a cena do embarque de carne em uma obra do escritor chileno Roberto Bolaño vai servir de guia para traçarmos relações entre quadros do pintor argentino Quinquela Martín sobre o porto de La Boca pintados nos anos 20 e cenas do cais santista no romance Navios Iluminados, de Ranulfo Prata, publicado em 1937.

A segunda parte da conferência volta-se para o porto de hoje e reúne artistas contemporâneos: Alberto Martins, escritor, autor de Cais (poemas, 2002), História dos Ossos (novela, 2005) e Lívia e o cemitério africano (2015), obras que têm o porto de Santos como cenário e que são acompanhadas por gravuras do próprio autor; Raphael Morone, autor da capa de Esquinas do Mundo... e do Diário de bordo de um livro-barco, em que faz uma intervenção em um exemplar do próprio Esquinas...; os lambe-lambe de Fabricio Lopez com versos de Vicente de Carvalho e Flávio Viegas Amoreira; a invasão de Santos por Monstros (2012) de Gustavo Duarte, e os navios fantasmas das fotografias de Cássio Vasconcellos, expostas na cidade no ano passado durante a primeira edição do Festival Valongo.

A pesquisa

Busco, por meus estudos, obter conhecimento histórico das “entranhas” de obras de poesia e ficção, tratando-as como fontes documentais, atrás da resposta para a pergunta: Que tipo de conhecimento sobre a sociedade essas fontes podem nos fazer conhecer?

Esse caminho de investigação entre livros percorre uma trilha em que o real é posto em suspensão. É desse lugar suspenso – o da invenção literária – que podemos nos voltar com um pente-fino em mãos escovando a história a “contrapelo”, como nos ensinamentos de Walter Benjamin.

Navios Iluminados

Romance de Ranulfo Prata editado em 1937 pela prestigiosa editora José Olympio, o livro mostra o calvário no cais de Santos de um retirante do sertão da Bahia que tenta melhorar de vida como estivador. Neste 2017 dos 80 anos anos de sua publicação, a obra alcança a marca de seis edições, inclusive uma fora do Brasil, feita justamente em Buenos Aires em 1940, feita por Editorial Claridad com tradução e prefácio do intelectual Benjamim de Garay. A edição mais recente é de 2015, feita pela Edusp dentro da coleção Reserva Literária.

Macuco e La Boca: representações artísticas de dois bairros portuários

31 de maio, às 16 horas. Biblioteca de Artes Cândido Portinari

Centro de Atividades Integradas - CAIS: Avenida Rangel Pestana, 150, Vila Mathias. Contato: (13) 9822-98144

alessandroatanes@gmail.com

facebook/alessandroatanes

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