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Meio-dia em Atenas


A época tem seu atrativo de livro de história somado ao outro atrativo de ser atual e ficar a nada mais que uns tantos passos da porta de casa, onde se concentram, às vezes, todo dia, diversos setores das massas, atentos a seus protestos. Neste meio-dia em Atenas enfrentavam, congregados, o ajuste. Neste meio-dia, o sol, em Córdoba, mostrava toda sua experiência de milhares de anos, a preparação de uma greve geral na Grécia, contra a troika que negocia condições para uma nova ajuda financeira, ainda que o ministro das finanças assegure que o dinheiro chega para pagar até novembro, e que a Fiat informa que não haverá demissões na sexta porque o Brasil começou a mover, novamente, os mercados, em 19 de outubro marcharam em Atenas mais de meio milhão. Dezenas de milhares em todas as cidades gregas mostravam o futuro da União Europeia, porque as cidades, como as pessoas, mudam, ainda que o sol do meio-dia seja o mesmo (o mesmo sol que permitiu a Aristóteles estudar os eclipses e a poesia) e ainda que se insista em estar blindados, a Volkswagen aqui adianta férias, a Renault demite por falta de insumos, e nos movemos, alterados, sob o sol inalterável do meio-dia, entre a experiência, a mentira, a convenção e as possibilidades de que ocupemos a história, como hoje em Atenas se ocupam edifícios públicos, ruas e capas nos jornais do mundo.

Do livro Razones personales (Córdoba-Argentina, Editorial Nudista, 2013)

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